sábado, 28 de março de 2015

que que a gente tá fazendo aqui mesmo?
pra dizer, sabe que perdi meu jeito
sabe-se lá quem olhou
ou que entende
que eu guardo aqui um buraco enorme
as vezes não dá nem pra olhar
porque alí me somem as formas
mas eu encano
aí viro um olho na lupa
que o sol mergulhou e furou
e esfregando os olhos, amoleceram, derreteram
foram descendo pelo queixo,
pintando o corpo de um marrom acinzentado, linhas grossas
numa cor que misturou demais

e vai descendo a gosma
que agora escorre os mamilos
se perguntando porque tanta insegurança
surfou uma onda nos quadris.. já pensou ?
em quantos sorrisos deu sem dar
vergonha
e segue descendo, escorrendo junto do que foram olhos
pensando..
rodopiou até a virilha, melou e pintou os pelos
de tinta marrom acinzentada
embrenhada no calor e na saudade úmida
e nas coxas escorreu pra dentro
toda grossa, vagarosa
e contornando o joelho esquerdo
porque que que a gente tá aqui
nem lembrou direito
e já chegando no pé,
preencheu o vão dos dedos
mas não o do no peito

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

FAZ e RASGA
MORDE e COSPE
PISCA e DORME
FODE
Isso é TÉDIO!

Fez o que não deve
Fez o que se deve
Pra quem foi?

FAZ e COSPE
MORDE e RASGA
PISCA e FODE
DORME
Isso é TÉDIO!

PISCA FAZ
RASGA DORME
FODE COSPE
MORDE

TÉDIO

Dorme enquanto sonha
O dia está passando
E você nem aqui está

Diz que não me disse
Se liga que cê tá
Virando um nó
Nó!

Engole essa risada
Se liga que na dor
Não acho graça não
Não!


Ao nascer inspiramos milhões de apostas na lotofácil com grande risco de prejuízo decorrente dos movimentos peristálticos do intestino de um avestruz que riu ao olhar o movimento das nuvens que ultimamente estão carregadas de desilusões tristeza ódio pena rancor vendo lá de cima antes de caírem nas nossas cabeças grandes com grande pesar.
E eu realmente não acho graça!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Desço a rua no vento que vem de mim,
maior que a rua
Cabelos balançam como notas soltas,
bem à vontade
A árvore imóvel é a foto de uma dança
de uma noite de lucidez
Danço com ela
A poesia que sustenta seus galhos
é maior que meu dizer
Por isso o canto
Um prazer imenso me toma
por ser o sentir
Por isso eu preciso cantar mais alto
por entre uniformes e papo de butique
Sigo em frente
Então, a árvore constrange outra palavra
e sopra uma folha no ar
E eu quis mostrar aos que aguardavam o ônibus
Que a árvore ao lado gemia de tão linda!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Talvez


Talvez uma agenda velha
Uma folha amarela
Para preencher os dias que
Deixei passar
Lembro-me de um dia que
Quis lembrar

Talvez você esteja
A mesma mão na cabeça
O outro lado da cidade
Preenchendo a noite nas linhas
Cheia de verdade por vaidade
Talvez por nossa idade

Talvez eu quisesse
Que fizesse como prece
Suco de maracujá
Eu que nem nunca te acordei
Que nem nunca misturei
Seu cabelo, tinta azul

Preencho as linhas com sua mão
Eu que canto, tiro charlatão
Ouço em discos antigos, talvez
Canções chorosas que você fez

E meu cachorro se esconde outra vez

sexta-feira, 30 de março de 2012

Quis te ver num poema. Vi.

Inventei calos ao lavar a louça e quase desci pelo ralo,
mas continuei a cantar ao te ver regar as plantas.
Hormônios ou luas, sei que não foram palavras tuas.
Silêncios.
E quis ir e ficar, aguçar os sentidos, atender ao paladar.
Cabiam em mim talvez céus de outonos, longas estradas
varandas fechadas... Também abelhas num vôo caótico.
Não sei para onde vais ou de onde vens, mas que preserves
tua natureza movimento.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O que fazer?

O que fazer...
O que fazer com essa cenoura orgânica no prato? Comê-la, claro. Mas a ideia de comer uma cenoura orgânica é permeada de muitas idéias.
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Meu eu era permeado de outros, muitos outros.. Qualquer afago seguido de camurça preenchia grande espaço no meu universo. O verdadeiro entojo nas tripas veio quando cada vez menos encontrei no outro um voo fértil. Simplesmente por ter encontrado em mim um vulcão sendo degustado num canudinho. Então, claro, não viveria esse frescor sem antes explodir.

E quando finalmente enxerguei minhas paredes demolidas, alicerces altivos e tão perfeitamente tortos, minhas crateras sedentas, vi a camurça se desfazendo com minha primeira erupção. Eis que esta tardou mas não falhou. Uma benção à custo de um drástico declínio quantitativo em minhas relações ditas sociais. Um alívio, afinal.
Serei eu uma grande charada de mim mesma?
Serei eu, agora que sinto tudo imerso num mundo volátil, fadada a passar meus dias procurando algo bom para viver e assim ter um morrer mais bonito?

Fui fisgada a fundo pela sola do pé!

O que fazer quando viver nesse mundo só me dá dor nas costas?

O que fazer quando egoistamente sonho em encontrar um oásis cheio de seres que não abram mão de seus pés?

Bom, tais inquietações creio não serem nenhum privilégio...

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Entorta que vai

Uma mochila surrada que lamenta como um jacaré sorridente: a chave para começar. O sensorial atento é enfeitiçado e então permite-se um hiato num dia tão cheio de objetivos. Qualquer que for a flatulência, será aceita. Um segundo vivido a cada minuto! Como vai depressa essa tranquilidade... Amo ser essa estante e não comportar mais tanta tranqueira. Quero uma faxina por aqui, cair de boca no chão e cair com tudo pra fora.

Pois, não né? Reclamamos do frio quando está frio e do calor quando deliramos... não é assim que nos arrastamos? Administro toda essa latência com um velho molde deformado. Saia daqui! Não tapará meu sol com a peneira, deixe... Minha parede, meus silêncios penosamente rabiscados.

Ossos, vidas, leite em caixa, todos pelo chão de terra. TERRA. Terra que perfumaram com gritos loucos da tirania. Massa falida. Massa encefálica. Falo. Acéfalo. Abutre. Aborígene. Pinga na pia.
Os joelhos deixam marcas nas calças usadas. Pêlos tentam conquistar seu lugar fora da calcinha, furá-la, vencê-la. Calcinha de lycra não é legal, definitivamente.

Hoje ouvi em algum lugar da minha cozinha: "imagine só, depilação anal!".. Sabe o que eu acho? Montes de azeitonas pretas e labaretas pegando fogo dentro de mim. Quase um mexidão, por conta da casa. Vem chegando e fique à vontade. Temo que tenhamos tudo pra dar e vender! Afinal de contas.. e.. que contas são essas mesmo? Bom, dá licença que eu pago as minhas! Então babo onde me der na telha, inclusive nesse seu chihuahua de lacinho cheiroso.

Fez que num fez, acabou não "fondo".
"Nice" daqui, "do, ré, mi" de lá.

"Excuse me!" pendurado (aquele) na cruz e no rabo de saia. "Toda", diria a velha banguelona, "acenda esse esqueiro para fazer desse pernilongo falido mais uma estrela morta".

E ele existe?